O que é

A instabilidade glenoumeral é a manifestação mais clara de instabilidade nesta articulação, quando a cabeça do úmero se desloca de forma exagerada em relação à omoplata.

Quais as causas?

A instabilidade do ombro é um problema frequente, podendo manifestar-se de várias formas, desde luxações com deformidade evidente até dores inespecíficas, com diminuição da força ou formigueiros que se prolongam pelo braço.

Distinguem-se dois grupos principais de pacientes com instabilidade no ombro, de acordo com a sua origem.

As luxações traumáticas resultam de impactos de alta energia, ocorrendo normalmente em jovens que praticam desportos de risco pelo contacto físico, como o rugby, taekwondo, judo, karaté, futebol americano ou andebol.

As luxações atraumáticas podem ocorrer de forma espontânea ou com esforços normais do dia a dia (como estender a o braço na cama), e associam-se a uma maior hiperlaxidez ou elasticidade. Este tipo de instabilidade é mais comum em adolescentes do sexo feminino, mas também pode ocorrer em rapazes dessa faixa etária. Por vezes, este quadro é mais discreto e pode manifestar-se apenas por dor e falta de força relacionadas com a falta de estabilidade do ombro.

Em ambos os casos, um primeiro episódio de luxação pode ser seguido por outros, bem como por subluxações (sensação de que o ombro vai sair do lugar sem se deslocar completamente), caracterizando um quadro de instabilidade.

Como atuar quando o ombro se desloca numa luxação?

Quando ocorre uma luxação do ombro, especialmente no primeiro episódio após um traumatismo, a dor intensa surge de imediato, juntamente com a incapacidade de movimentar livremente o braço afetado. Pode ser evidente uma deformidade na região do ombro e existir uma sensação de bloqueio na mobilização.

Se o ombro se deslocar, deve ser reposicionado o mais brevemente possível, de forma segura. Certos pacientes conseguem fazer manobras de auto-redução (realizadas pelo próprio). Todas as manobras de redução devem permitir o relaxamento da musculatura envolvente, a fim de reduzir o risco de fraturas ou outras lesões por movimentos demasiado bruscos. A avaliação médica urgente por um ortopedista é essencial para confirmar a redução ou recolocar o ombro de forma eficaz e segura.

Quando a redução é bem-sucedida, o braço é imobilizado num suporte durante alguns dias e deve começar-se a sua recuperação brevemente, focando-se no restabelecimento da mobilidade, reforço dos músculos em volta do ombro e na redução da dor.

Quais os casos de instabilidade que necessitam de cirurgia?

Quando a instabilidade se torna recorrente, com múltiplos episódios de luxação ou subluxação, a cirurgia para ajudar a estabilizar melhor a articulação deve ser ponderada, particularmente em pacientes com mais fatores de risco - idades mais jovens, hiperlaxidez, lesões mais graves ou desportos com contacto físico.

Os principais tipos de cirurgia existentes podem ser divididos em técnicas anatómicas de reparação - para casos menos graves e com menor tempo de evolução - ou técnicas não-anatómicas para estabilização, como a cirurgia de Latarjet. Esta última tem demonstrado uma maior taxa de sucesso e menor recidiva ao longo do tempo, tendo sido progressivamente melhorada para se tornar cada vez menos invasiva.

Contudo, a instabilidade que ocorre de forma não traumática, associada com hipermobilidade generalizada, e sobretudo se a manifestação principal for a subluxação ou apenas dor, a reabilitação é o componente mais importante do tratamento, devendo o tratamento cirúrgico ser reservado para casos muito particulares e selecionados.

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